A Senhora Exposição II reúne trabalhos de artistas portuguesas, ligadas à ilustração e/ou BD, e que têm vindo a revelar um traço próprio e uma identidade singular dentro do meio artístico e cultural em que desenvolvem o seu trabalho criativo e o apresentam. Mantendo uma liberdade criativa no seu modo de expressão e fazendo dela uma atividade regular, quer em exposições, quer em publicações, têm vindo a constituir um panorama cada vez mais alargado de mulheres determinadas a mostrarem o que fazem e a fazê-lo bem, esta é assim uma exposição de encontro e de reconhecimento.
Os temas dos trabalhos apresentados são diversos, indo ao encontro das diferentes linguagens gráficas e estéticas das artistas, sendo bastante multifacetado o universo de cada uma, individualmente e em colectivo, em comum existe a relação com o desenho, os livros/publicações e uma prática autoral que tem vindo a afirmar-se num contexto nacional e internacional. Portanto, sendo uma mostra colectiva é também uma afirmação do que em cada uma é distinto e é essa a visibilidade que aqui queremos fazer sobressair.
Neste segundo momento da mostra destacamos os trabalhos de: Ana Ribeiro, Catarina Gomes e Raquel Costa. Mantendo ainda do primeiro momento da Senhora Exposição os trabalhos de: Inês Ferreira, Leonor Hungria, Patrícia Guimarães, Silvia Rodrigues e Sofia Neto.
Curadoria: Madame Zine, 2019
Ana Ribeiro
[n. 1977, Vila Nova de Gaia]. Costumava desenhar de joelhos, com os braços em cima da cama quando era pequenita e mais tarde numa mesa de escola. Os joelhos agradeceram. Cresci com banda desenhada e criei o fanzine durtykat em 2001. Viajei quase à pala e fui colaborando e comunicando através de desenhos nascendo assim as Nits, em 2014. Voltei a desenhar de joelhos mas eles não se tem queixado. A última exposição foi na Centésima Página, em Braga no ano de 2018.
Catarina Gomes
[n. 1983, Porto]. É designer de comunicação (2008/FBAUP) e ilustradora (2013/IPCA). O seu interesse pela ilustração surgiu quando esteve em Bratislava através do programa Erasmus, influenciada pelas exposições que viu, os livros baratos que comprou e o tempo livre que teve para experimentar novas técnicas. Tem um interesse especial por álbuns ilustrados e também escreve histórias. Em 2014 o seu “Livro de actividades para massajar a imaginação” foi o vencedor da 2ª edição do Art Books Wanted International Award organizado pela Edition Lidu e nos últimos anos o seu trabalho tem sido reconhecido e premiado por entidades como o CINANIMA e a 3x3 Magazine. Dos livros publicados destaca-se o livro de actividades “Ideias despenteadas” e o “Scrollino - Play”. Atualmente dedica-se à ilustração de livros e à escrita, participa em diversas exposições de ilustração, orienta workshops e é designer de comunicação.
Inês Ferreira
[n. 1986, Lisboa]. Descobriu que gostava do mundo das artes plásticas e foi para a Faculdade de Belas Artes de Lisboa estudar Escultura e o Desenho nunca foi algo que a apaixonasse. Foi apenas numa agência de publicidade que descobriu o amor pelo mesmo e, desde aí, nunca mais o largou, numa mistura de linhas e pontos infinitos e ainda com os seus astronautas carrancudos e de temperamento imprevisível! Dos trabalhos que tem desenvolvido destaca-se a Ilustração para a Revista Gerador (nº8) em 2016 e a participação na exposição Art Taco em 2019. Do futuro nada sabe, mas sente que a Ilustração irá ser algo que a irá acompanhar por muitos longos e bons anos!
Leonor Hungria
[n. 1977, Lisboa]. No dia 6 de Novembro o seu nascimento impediu a sua mãe de assistir ao último episódio da telenovela Gabriela. Durante a sua infância foi fonte de mais alguns aborrecimentos ao desenhar nas paredes de toda a casa, especialmente debaixo do lavatório, onde os rabiscos passavam mais despercebidos. À medida que foi crescendo, era mais frequente encontrá-la num canto da casa, rabiscando em cadernos em vez de brincar com os Legos. Estudou Desenho durante três anos na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa. Atualmente reside no Porto e está a terminar o seu projeto final para o Mestrado em Ilustração e Animação, no IPCA, em Barcelos. Aos 41 anos ainda tem mais incertezas que certezas. O seu trabalho compreende os géneros neovitoriano, gótico e horror, sempre com sentido de humor. Conforme se continua a verificar no seu mais recente zine Me & Mort (2019). Negro, é claro.
Patrícia Guimarães
[n. 1985, Lisboa]. Em miúda passava muito tempo a desenhar, já na escola, e porque gostava de se esconder, passava horas na biblioteca. A Banda Desenhada surge-lhe primeiro na forma do Tio Patinhas, seguem-se Gibrat, Frezzato e Spiegelman. É ao longo da licenciatura nas Belas Artes de Lisboa, que descobre pintores, realizadores de cinema de animação e autores de Banda Desenhada que irão influenciar o seu percurso profissional. Foi através de amigos que descobriu o sub-mundo da publicação independente. Desde então, participou em vários fanzines, publicou Stabat Mater (2015) e Manuelinútil (2016) com a Façam Fanzines e Cuspam Martelos, que lhe valeram o Prémio Geraldes Lino 2019, e integrou recentemente a antologia Nódoa Negra (2019) editada pela Chili com Carne.
Raquel Costa
[n. 1979, Porto]. É artista visual e ilustradora. Formou-se em Artes Plásticas – Escultura pela Faculdade de Belas Artes do Porto e é Mestre em Ensino de Artes Visuais. Já foi livreira e professora do ensino básico e secundário. É atualmente docente na Escola Superior de Design do IPCA, na área da Ilustração Editorial, e co-fundadora do Little Black Spot Creative Studio, desenvolvendo trabalho em áreas como a ilustração e o design, com foco nos mercados editorial e publicitário. Conta já com cerca de 15 livros ilustrados editados, no ramo da ilustração infanto-juvenil. Mantém uma parceria criativa com o autor Nuno Filipe Cancelinha, com quem editou, em 2018, o seu primeiro trabalho na área da banda desenhada - “A Cortina das Aves Canoras – Prelúdio”. Em 2019, publicam a história curta “A Dança de S. Vito” , integrada na antologia de banda desenhada “Ditirambos”, e preparam para 2020 novas histórias curtas para diversas antologias de banda desenhada.
Silvia Rodrigues
[n. 1984, Lisboa]. llustradora, artista e designer de Lisboa. Aprendeu a fazer as contas com o avô e a juntar as letras no liceu francês. Cresceu com as estórias e cantigas da avó, brincou na aldeia e jogou à bola na rua. Desde sempre que gosta de riscar as paredes de casa e um dia quis ser domadora de leões. Estudou Design de Comunicação na FBAUL e mais tarde Ilustração e Banda Desenhada no Ar.Co. Em 2017, conclui o Mestrado em Pintura com o projeto-instalação “Como ser uma boa menina”. É autora e sócia da associação Chili Com Carne desde 2008. Publica e expõe regularmente em coletivas internacionais e nacionais, assim como a solo.
Sofia Neto
[n. 1989, S. João da Madeira]. Estudou Belas Artes - Multimédia no Porto e tem um mestrado em Banda Desenhada pela École Européene Supérieure de l'Image em Angoulême. É professora em cursos de Desenho, Ilustração e Banda Desenhada e fez parte da Comissão Organizadora do Encontro Internacional de Ilustração de S. João da Madeira. Publicou em 2014 uma tira de ficção científica A Ronda no Jornal Único. Desde aí também participou em várias publicações colectivas da Chili Com Carne, em 2015 co-edita a revista Carne e Osso com Marco Mendes e em 2019 participa com outros autores no Ditirambos, e enquanto ilustradora no livro Eu Fiz Tudo Pra Você Gostar de mim - Carmen Miranda. Em nome individual ressaltam-se: Down Below (Mundo Fantasma, 2015), Eco (Mundo Fantasma, 2016), Bizarras (Bedeteca de Beja, 2017), Cicatriz (Polvo, 2018).